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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Desenvolvimento sustentável nas empresas: será possível?



A recente tragédia ambiental envolvendo derramamento de milhões de litros de óleo na costa sul dos EUA remete a uma longa e polêmica discussão sobre a dicotomia entre a economia hodierna e a sustentabilidade. Afinal, será possível o chamado desenvolvimento sustentável nas empresas de hoje?
Bom, o sistema capitalista, por si só, não é nada sustentável. Pelo contrário: para a manutenção e sobrevivência dos ciclos inerentes a esse processo contínuo do mercado, necessita-se de uma grande quantidade de recursos naturais, espaço físico para alocar pessoas e equipamentos, uso de combustíveis fósseis – e poluentes – para fornecer energia e garantir a locomoção da sociedade, e muitas outras atividades que requerem a exploração da natureza, cada vez mais abusiva pelo aumento da demanda global.
O derramamento de óleo pela BP não é um episódio isolado de desastres ambientais decorrentes de falhas ou acidentes de empresas. Há todo um histórico de corporações – principalmente na área de petróleo, construção civil e indústrias – que, devido às exigências que envolvem seus negócios, acabam extrapolando e danificando demasiadamente a natureza.
O fato é que as empresas sempre necessitarão usar recursos naturais e, dessa forma, contribuir – ainda que indiretamente – com a poluição e exploração de recursos do planeta. No entanto, acredito que podemos abordar essa realidade de forma diferente: adotar um posicionamento já é um grande passo para a mudança do comportamento das empresas em relação a preservação ambiental. E é isso o que muitas organizações estão fazendo hoje.
Em uma disciplina optativa na FFLCH que cursei no ano passado, chamado Relações Internacionais e Meio Ambiente, discuti sobre o tema desenvolvimento sustentável (sustentabilidade + desenvolvimento econômico) e a interface das empresas com a questão da preservação ecológica, do investimento na sociedade local e atuação de diversos players desse âmbito (governo, ONGs, conferências globais, etc).
A tendência é de que uma crescente quantidade de empresas adote e defenda a sustentabilidade. Isso traz não só uma consolidação positiva da reputação e da marca corporativa, mas delineia políticas mais incisivas de responsabilidade ambiental, reduz custos e promove vantagens competitivas perante os consumidores.
Mas falar é fácil: um discurso “florido” muitas vezes não está coerente com as práticas reais da empresa. Isso ocorre não só no ambiente corporativo, mas no cotidiano da própria sociedade. Às vezes, os hábitos e vícios de um estilo de vida já solidificado impedem o uso inteligente e racional de recursos pelas pessoas por, talvez, requerer um esforço extra ou significar a abdicação do conforto e praticidade.
O posicionamento que eu me referi antes entra aqui como uma solução para o possível desenvolvimento sustentável corporativo, pois é a junção entre o discurso e a prática. Dessa forma, um dos maiores desafios que as empresas devem enfrentar é a conciliação do que é dito com o o que é feito na verdade, a realidade.
Por Susana Byun

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